Além da arquitetura do Musée de la Romanité, Elizabeth de Portzamparc também projetou sua museografia.
Na continuidade do projeto arquitetônico, os espaços de exposição permanente foram projetados numa busca pela luz através da elevação e do movimento. O conceito de museografia é baseado nos seguintes princípios:
– um percurso suavemente inclinado, com a ideia de movimento e em ligação direta com a cidade;
– um circuito rico e variado, com uma multiplicidade de volumes interiores fortemente ligados ao lugar;
– um espaço de exposição flexível, que pode evoluir com o tempo e ser enriquecido com novos itens da coleção.
Uma museografia coerente com a arquitetura do edifício
A divisão espacial das salas de exposição foi organizada em torno da reconstituição do frontão do Santuário da Fonte. Elizabeth de Portzamparc propôs a instalação dessa reconstrução em um átrio de 17 metros de altura, visível de todos os pontos da exposição. Conforme solicitado no programa do concurso, o itinerário do museu evolui através das diferentes épocas, em uma caminhada temática desde o período pré-romano até o patrimônio romano do nosso tempo. A rua interior que conecta o pátio das Arenas ao jardim arqueológico é visível de todos os andares e cria uma abertura visual capaz de unificar todos os espaços do museu. Aproximadamente 5.000 peças são apresentadas de acordo com um percurso cronológico e temático estruturado em grandes períodos que vão do século 7 a.C. até a Idade Média e ao legado romano para o século 19. A arquitetura interior completa e acompanha a arquitetura do edifício. Durante todo o percurso ascendente, a museografia é aberta, numa busca pela dessacralização do museu e da cultura. Os percursos constituem passeio urbanos de interior, pracinhas, ruas (espaços de circulação), elementos construídos (volumes, mobiliário de exposição, espaços semi-abertos, etc.), fazendo com que o espaço urbano suba até os andares mais altos do museu. Essa abordagem museográfica traz a cidade para o coração do museu e destaca a ideia de ausência de fronteiras entre interior e exterior, ideia acentuada pelas aberturas feitas na fachada que revelam e oferecem novos pontos de vista dévoilent et offrent des cadrages sur la ville.
O jardim arqueológico
Organizado em torno da muralha romana e de outros vestígios, o jardim arqueológico é pensado como um “museu vegetal”. Todos os traços da História hoje são acessíveis gratuitamente a todos os visitantes e passantes. Esse espaço vegetal público de 3.500 m² imaginado por Régis Guignard se estrutura em três camadas que correspondem aos grandes períodos – gaulês, romano e medieval – do percurso de visita do museu, enriquecendo e completando assim a proposta e o conteúdo científico do museu. Totalmente aberto, o jardim é parte integrante do tecido urbano circundante: os acessos que conectam a rua Ducros à rua da République permitem atravessá-lo como um espaço público. Ele constitui um espaço de passagem e de encontros, criando um novo lugar para a convivialidade urbana.
Tecnologias inovadoras
A integração de dispositivos multimídia de ponta no percurso museográfico foi balanceada. Algumas reconstituições sutis e dispositivos multimídia pontuam o percurso e ajudam a conhecer e a entender melhor a civilização romana. Caixas brancas luminosas, chamadas “caixas do saber”, abrem as três seções cronológicas do percurso. Esse procedimento, criado por Elizabeth de Portzamparc, serve de introdução às diferentes sequências: mapas, linhas do tempo e telas apresentam e contextualizam os períodos apresentados. Suportes multimídia como visitas virtuais, animações gráficas e mapas permitem assimilar melhor o contexto das coleções. Os dispositivos de realidade aumentada, as panorâmicas interativas a 180° ou ainda o muro de imagens interativo são feitos para projetar os visitantes dentro da realidade dos homens da Antiguidade, para compreender a evolução do seu conhecimento e as obras-primas que produziram.
Concurso, projeto vencedor
PROGRAMA
Urbanização do îlot Grill. Construção do Musée de la Romanité e do jardim arqueológico. Museografia.
CLIENTE
Cidade de Nîmes
ARQUITETA
Elizabeth de Portzamparc